domingo, 21 de junho de 2009

Infante D. Fernando


(PUBLICADO NO CORREIO DO RIBATEJO DE 28.04.1995)

Foi em Almeirim, a 17 de Novembro de 1433 que nasceu este infante, filho do rei D. Duarte e da rainha D. Leonor de Aragão.

Foi jurado herdeiro do trono quando seu irmão, D. Afonso V herdou a coroa.
O Infante D. Henrique, seu tio, perfilhou-o quando tinha três anos, dando-lhe “os seus bens móveis e de raiz com excepção do terço de alma”, o que veio a ser confirmado por D. Afonso V a 23 de Novembro de 1451.

Tinha o Infante navegador a esperan-ça de que ele con-tinuasse os “descobrimentos”.
Casou D. Fernando em 1477 com sua prima D. Beatriz, filha do Infante D. João e de D. Isabel, filha de D. Afonso, 8º Conde Barcelos.

Deste casamento vieram a nascer, entre outros, D. Leonor que casou com D. João II e consequentemente veio a ser rainha e foi fundadora das Misericórdias; D. Isabel que casou com D. Fernando, Duque de Bragança, D. João que veio a ser 2º Duque de Beja e 3ºde Viseu, D. Diogo, 3º Duque de Beja e 4º de Viseu, que veio a ser apunhalado pelo rei seu cunhado, em Setúbal, por ter entrado em conspiração para o derrubar e D. Manuel, 4º Duque de Beja e depois rei de Portugal, que recebeu o trono do primo germano e cunhado, D. João II.

Acompanhou seu irmão D. Afonso V em 1458 na conquista de Alcácer Ceguer. Em Novembro de 1463, encontrava-se novamente a caminho de África com o rei. Chegados a Ceuta, prepararam três investidas contra Tânger, todas sem qualquer resultado positivo.

Mais tarde, D. Fernando, que era dotado de génio aventureiro, o que causou algumas preocupações ao irmão rei, desembarca à frente de 10.000 homens em Anafe (perto da actual Casablanca) que encontrou sem defesa visto os mouros terem fugido quando viram a nossa armada.

O infante limitou-se ao saque e a desmantelar alguns muros da vila, já que não podia lá deixar guarnição suficiente para a manter. Era deste porto que partiam os navios de corsários para atacar as nossas costas.

Segundo Caetano de Sousa, o infante D. Fernando “veio a ser o maior Senhor que nunca houve em Espanha, que não fosse Rei”.

2º Duque de Viseu, que recebeu do pai adoptivo e 1º de Beja, título que lhe foi dado por seu irmão D. Afonso V. Foi igualmente o 5º Condestável de Portugal, 9º Mestre da Ordem de Cristo e 12º da de S. Tiago; aos quinze anos Fronteiro-Mor do Alentejo e do Reino do Algarve.

Considerado o fidalgo mais rico da sua época, foi Senhor de poderosíssima casa, constituída pelos senhorios de Beja, Serpa, Moura, Lagos, Terras de Besteiros, Sátão e Covilhã e as alcaidarias-mor da Guarda, Tavira e Marvão.

Possuía os direitos reais de Santarém, incluindo a judiaria, a mouraria e reguengo. Pôs em exploração uma ferraria em Teixoso, para o que podia contratar até cinquenta mineiros.

Por morte de D. Henrique passou a beneficiar do regimento das saboarias.
Recebeu de seu tio a administração das ilhas descobertas, na altura Madeira, Açores e Cabo Verde que então se começavam a desenvolver.

Protegeu a Universidade e completou a igreja de Palmela.

Veio a falecer na cidade de Setúbal em 18 de Setembro de 1470, por isso com apenas trinta e sete anos e jaz no Mosteiro da Conceição, em Beja, que fundou em 1459, concedendo-lhe diversas doações.
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História de Portugal, Joaquim Veríssimo Serrão, Vol. II, 1979
Esta Almeirim Famosa, José Augusto Vermelho, 1950
Al-Meirim, José Augusto Vermelho, 1951
Dicionário Ilustrada da História de Portugal, Publicações Alfa
Dicionário da História de Portugal, Dir. de Joel Serrão