quinta-feira, 6 de agosto de 2009

"A Marcha cá do Bairro" - Outra achega

PUBLICADO NO CORREIO DO RIBATEJO DE 14.05.1993)

A MEMÓRIA de hoje, caro leitor, não se trata propriamente de uma MEMÓRIA, com o sentido de novo assunto, mas sim de achegas importantes a MEMÓRIAS anteriores.
Como pensamos já ter alertado, as MEMÓRIAS estão a chegar ao fim. Quando idealizámos os escritos, tínhamos previsto cerca de doze assuntos a abordar, número já largamente ultrapassado mas... não esgotado. Faltará a memória e principalmente o “engenho e arte” para ir mais além.


E AINDA “A MARCHA CÁ DO BAIRRO”

É a terceira vez que vamos abordar a MEMÓRIA que titulámos de “A MARCHA CÁ DO BAIRRO” e ainda bem que o fazemos visto terem chegado mais achegas ao assunto o que aliás solicitámos quando o abordámos pela primeira vez.

Numa carta colaboradora, o Sr. José Carlos G. Rosado, residente na Amadora, vem-nos prestar precioso auxílio fornecendo dados novos e correcções ao que tínhamos escrito, algumas entretanto já feitas na MEMÓRIA XVII, de 2 de Abril.

Aconteceu que este senhor, então com dezassete anos, foi um dos componentes da marcha “e com o seu par continuou a marcha pela vida fora, com o passo certo, a garganta afinada, os corações unidos e tranquilos”.

Iremos então transmitir aquilo que este senhor teve a amabilidade de nos fornecer.
Parece que a ideia da marcha germinou num casal vindo de Lisboa (freguesia de Arroios) que se instalou no bairro, o Sr. Eduardo Moreira (bate-chapa de profissão) e sua esposa, D. Idalina ou Natalina.

Habituados às marchas de Lisboa e verificando que havia tudo no bairro para o fazer, vai de lançar a ideia e dinamizar os moradores.

Continuando a citar o nosso informador, esse facto ficou patente na letra ao dizer-se “mudou-se cá p`ro bairro a alegria e trouxe um par”.

Os ensaios começaram após o Sto. António e como já dissemos a marcha desfilou pelo S. João.

Ainda que o Sr. Sargento António Cabreira fosse só o autor da música, acabou por ter influência importante nos ensaios e “a sua acção foi decisiva para o êxito da marcha”.

Segundo aquele músico, se fossem cantar assim para a rua, mais iriam parecer pintos a piar do que rapazes e raparigas a cantar. Era necessário cantar mais forte.
Por outro lado, considerava indispensável a integração no agrupamento musical de um trompete, o que se fez por intermédio do Sr. Fernando Nogueira.

O agrupamento era constituído por mais os seguintes elementos:- Fernando Carvalho (caixa), Artur Silva (contrabaixo), Leonel Bastos (bombardino), Lopes (trombone), Barbosa (2º clarinete) e Manuel Costa (2º clarinete), o único músico nos escritos anteriores.

Confirma-se também a gravação pela Rádio Ribatejo que até entrevistou alguns elementos da marcha.

Para terminar indica-se a letra completa já que a publicada no primeiro artigo omitiu uma parte, além de uma ou duas pequenas trocas que não lhe tiram o sentido.

MARCHA DO BAIRRO DOS COMBATENTES

Letra de Ferreira Campos

I
Andam cá no Bairro
Em sobressalto os corações
A luz que os alumia
Vem do alto dos balões
Afinem as gargantas p`ras canções
E toca a andar
Que a marcha cá do Bairro
É p`ra marchar

REFRÃO

O Bairro da Liberdade
Das Padeiras ao Choupal
É o mais belo da cidade
De beleza sem rival
Orgulho de quem cá mora
A aldeia dos macacos
Como lhe chamam os velhacos
Dos macacos lá de fora

II
Mudou-se cá p`ró Bairro
A alegria e trouxe um par
E agora cá no Bairro
Noite e dia é só cantar
Levanta o teu balão com galhardia
E toca a andar
Que a marcha cá do Bairro
É p`ra marchar.

REFRÃO

O Bairro da Liberdade
... ... ... ... ... ... ... ... ... ...
III
Rapazes e cachopas
Cantai todos sem parar
Que a Rádio Ribatejo
Pelos modos quer gravar
Afinem as gargantas p`ras canções
E toca a andar
Que a marcha cá do Bairro
Vai para o ar.

REFRÃO
... ... ... ... ... ... ... ... ... .. ...

Com esta importante achega, o que voltamos a agradecer ao seu autor, Sr. João Carlos G. Rosado, pensamos ter concluído o tema que ousámos abordar, apesar dos poucos dados de que dispúnhamos.