domingo, 25 de outubro de 2009

D. Duarte de Meneses

(PUBLICADO NO CORREIO DO RIBATEJO DE 25 DE AGOSTO DE 1995)



Filho bastardo de D. Pedro de Meneses, heróico governador de Ceuta, e de Isabel Domingues Pessegueira, elevado por D. João I à dignidade de Conde de Vila Real, nasceu à volta de Dezembro de 1404, em Santarém.

Foi armado cavaleiro aos treze anos.

Em 1524, por isso com cerca de vinte anos, substituiu o pai no governo de Ceuta quando este teve que se deslocar a Portugal, tendo depois ocupado a capitania efectiva, Rui Gomes da Silva, um dos cavaleiros que a ajudaram a conquistar em 1415.

Novamente por ausência do pai, entre 1432 2 1434, volta a exercer as mesmas funções que seu pai procurou transmitir-lhe efectivamente mas a que as filhas legítimas se opõem.

De 1437 a 1438, ano em que morre o pai, volta a governar a cidade enquanto ali não chega o cunhado, D. Fernando de Noronha, o novo capitão, pois tinha casado com D. Brites de Meneses, filha legítima de seu pai.

Em 1437 os Infantes D. Henrique e D. Fernando passam por Ceuta a caminho da mal sucedida empresa de Tânger. Para o efeito, D. Duarte encontrou a povoação quase desabitada, ocupando-a e por fim desmantelou-a.

O capitão não assistiu ao desaire de Tânger pois o pai, que se encontrava moribundo, chama-o a Ceuta.

Quando morreu o rei D. Duarte (9.9.1438), esteve no acto de aclamação do novo rei, D. Afonso V, na qualidade de alferes-mor.

Em 1449 regressou a Lisboa e encontra o reino em guerra civil entre a facção do rei, a que adere, e a do infante D. Pedro, que terminou com o desastre de Alfarrobeira.
D. Afonso V dá-lhe então o comando do castelo de Pombal.

A 30 de Setembro acompanha o rei na expedição a África e em 21 de Outubro as hostes portuguesas começam o ataque a Alcácer Ceguer tendo dois dias depois entrado na praça que ocupam. Foi então nomeado seu capitão, D. Duarte de Meneses.

O governo iniciou-se logo com dois cercos apertados: o primeiro em Novembro e Dezembro do mesmo ano, logo após a conquista, o segundo de 2 de Julho a 24 de Agosto do ano seguinte, mas que não obtivera êxito.

Pelo seu comportamento militar e prudência, D. Afonso V concedeu-lhe o título de 3º Conde de Viana de Caminha (Viana do Castelo), em 1460, no qual foi investido em Santarém.

Durante a sua presença em Portugal o rei ouviu-o acerca das empresas africanas que projectava. D. Duarte não o dissuadiu de novamente tentar conquistar Tânger. Em 1463 o rei parte para África com esse intuito, mas as diligências que faz não obtêm êxito.

Em Março de 1464 e na tentativa de obter algum feito, o “Africano” resolve correr para os lados de Arzila e convence D. Duarte de Meneses a acompanha-lo, apesar deste o alertar para os perigos que iriam correr. Efectivamente, na serra de Benacofu são atacados por grande número de mouros aguerridos e para que o rei se pudesse salvar, o capitão de Alcácer, destemido guerreiro, protege-lhe a retirada, o que lhe veio a custar a vida.

A viúva de D. Duarte de Meneses, 3º Conde de Viana, D. Isabel de Castro, sua segunda mulher, mandou-lhe erigir na capela das Almas, na Igreja do Convento de S. Francisco, em Santarém, um cenotáfio, já que só um dente aí se encontrava. Pois o seu corpo foi esquartejado pela moirama no norte de África.

Este mausoléu é considerado o mais importante túmulo gótico de Santarém e encontra-se desde Fevereiro de 1889 no Museu de S. João de Alporão, em Santarém, recentemente re4aberto ao público após grandes transformações e onde tem lugar de honra.

Atribuído ao monogramista G. M., tem estátua jacente de guerreiro armada e no seu todo tem abundantes decorações de vários tipos, tudo esculpidas em calcário da Batalha.
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Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira
Dicionário Ilustrado da História de Portugal, Ed. Alfa
Santarém na História de Portugal, 1950, Joaquim Veríssimo Serrão
Santarém no Tempo, 1971, Virgílio Arruda
Santarém, Editorial Presença, Vítor Serrão
S. João de Alporão,- Na História, Arte e Museologia, 1994