quinta-feira, 8 de julho de 2010

Duarte Lopes



(PUBLICADO NO CORREIO DO RIBATEJO DE 16 DE FEVEREIRO DE 1996)

Nasceu no terceiro quartel do século XV na vila de Benavente este explorador de ascendência judaica.

Acompanha o tio num barco de mercadorias de sua propriedade que saiu de Lisboa em 1578 com direcção ao Norte de Angola.

Estando no Reino do Congo, soube conquistar a confiança do rei local que o considerou “seu fidalgo”, facilitando-lhe o comércio que pretendia efectuar e em que se englobava o tráfico de escravos.

Cinco anos após ter saído de Lisboa, o Rei do Congo envia-o a Roma como embaixador a fim de reivindicar melhores condições para o comunidade cristã do seu reino, notando-se fundamentalmente a falta de sacerdotes, diligência de que não foi bem sucedido.

Duarte Lopes antes de chegar a Roma, esteve algum tempo em Portugal e principalmente em Espanha, sendo recebido pelo papa Sixto V, em 1588.

As facilidades e regalias que o rei do Congo lhe concedeu para fins comerciais, possibilitavam-lhe ir fazendo croquis topográficos e anotações de factos históricos da dinastia dos reis negros do Congo, cristianizado desde 1491, da maneira de ser das populações com seus usos, ritos, trajos e armas, das condições meteorológicas, dos nomes das povoações, dos principais rios e elevações, da flora e da fauna.

Quando da presença em Roma, o Bispo de S. Marcos, António Miglione, impressionado pelo que lhe constava da exótica peregrinação do explorador português, contactou com o escritor Filipe Pigafetti no sentido de este o servir e depois dar à estampa, em italiano, quanto ele lhe transmitisse sobre essas regiões de África quase desconhecidas.

[Relação do Reino do Congo]

Assim, em 1591 é publicado em Roma a Relação do Reino do Congo, notícia de coisas, peregrina e conveniente a homens de estudo e de grande engenho, como filósofos e geógrafos, ilustradas com desenhos representativos da abordagem.

Procederam-se a várias edições em Itália como em França, na Grã-Bretanha e noutros países.

A obra teve em Portugal uma das últimas edições e “fac similada”, em 1951, com representação integral da capa inserta na primeira edição italiana.
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Cultura Portuguesa, Vol. 7, Hernâni Cidade e Carlos Selvagem

Boletim da Junta de Província do Ribatejo, 1937/40