Alhandrense que viu a luz do dia a 19 de Março de 1758, pensando-se ser filho de outro alhandrense, Manuel Ferreira Gordo, que foi desembargador da Legacia e a quem foi imposto a suspensão perpétua de advogar, tendo estado preso na Torre de S. Julião da Barra, pelas suas ideias liberais.
Joaquim José Ferreira Gordo, de seu nome completo, formou-se em Direito, recebeu o grau de doutor em 20 de Julho de 1783 e era bacharel em Cânones pela Universidade de Coimbra.
Foi presbítero, sendo monsenhor da Patriarcal de Lisboa e pertenceu ao Conselho da Rainha D. Maria II.
Sócio da Academia Real das Ciências. Bibliotecário - mor da Biblioteca Nacional de Lisboa.
Notável bibliófilo, organizou uma biblioteca de obras antigas portuguesas e espanholas. Por encargo da Academia, esteve em Madrid a estudar manuscritos referentes a Portugal, o que originou que publicasse Apontamentos para a História civil e literária de Portugal e seus domínios, coligidos de manuscritos, assim nacionais como estrangeiros, que existem na Biblioteca Real de Madrid; na do Escorial e nas de alguns senhores e letrados da corte de Madrid.
Escreveu também um livro sobre as Ordenações Manuelinas e Filipinas e dispersas ou extravagantes, publicado em 1792 e que teve nova edição, revista e aumentada em 1829.
Publicou igualmente a Memória sobre os Judeus em Portugal, obra consultada e citada por Alexandre Herculano, englobado na História e Memórias da Academia.
Nunca esqueceu a sua terra onde passava o pouco tempo que os seus afazeres lhe permitiam, interessando-se por tudo o que lhe dissesse respeito, apoiando com a sua influência as aspirações locais.
Pesquisou a sua história, deixando um manuscrito que se encontra na Biblioteca Pública de Lisboa e que intitulou de Memórias da Vila de Alhandra.
Ferreira Gordo expôs por escrito várias reclamações do povo de Alhandra num memorial que enviou a D. Francisco Rafael de Castro, “Principal da Santa Igreja Patriarcal de Lisboa, reformador e reitor da Universidade de Coimbra e membro da Regência de Portugal em 1807, quando a família real retirou para o Brasil.
Camilo Castelo Branco, publicou em Noites de Insónia uma carta de Ferreira Gordo acerca da quotização dos académicos para o busto ao Duque de Lafões.
Faleceu em Lisboa aos 27 de Abril de 1838.
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Dicionário Bibliográfico Português, Inocêncio Francisco da Silva, 1858.
Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira.
"Um alhandrense ilustre - Joaquim José Ferreira Gordo, por Álvaro de Oliveira Pais, in Vida Ribatejana, nº Especial, 1965, p. 94.
Boletim da Junta de Província do Ribatejo, nº 1, Anos de 1937/40.
"Alguna Valores da Província do Ribatejo", Octávio R. de Campos, Vida Ribatejana, nº Comemorativo dos Centenários da Fundação e Restauração de Portugal, Julho de 1940.