quinta-feira, 5 de agosto de 2010

José Relvas

(PUBLICADO NO CORREIO DO RIBATEJO DE 26 DE NOVEMBRO DE 1999)



José Carlos Mascarenhas Relvas, nasceu na Golegã no dia 5 de Março de 1858, mas foi à vila de Alpiarça a que deixou o seu nome mais ligado pois nela viveu os últimos anos e faleceu em 31 de Outubro de 1929.

Político, um dos mais destacados vultos do regime republicano.

Foi eleito membro do Directório do Partido Republicano Português no congresso realizado em Setúbal, em 1909.

Este Directório foi incumbido de realizar a revolução, tendo cabido a José Relvas, com Magalhães Lima, a missão de esclarecer alguns governos da Europa e de sondar acerca das suas posições perante a eventualidade de se implantar a República no nosso País.

Procuraram igualmente dissuadir o governo britânico de qualquer veleidade de intervenção a favor do monarca português.

Foi um dos dirigentes do Partido Republicano que advogou com maior convicção a via revolucionária para derrubar a Monarquia, enfileirando sempre na ala do radicalismo político.

Combateu a Monarquia com energia e aprumo, principalmente durante o “franquismo”.

Coube-lhe a honra de, na varanda da câmara Municipal de Lisboa, pelas 9 horas da manhã de 5 de Outubro de 1910, proclamar a implantação da República.

Fez parte do Governo Provisório, sobraçando a pasta da Fazenda. Foi o autor da reforma monetária de 1911 que possibilitou a estabilidade da nova moeda, o escudo, até 1918, sendo normalizado as contas públicas que a administração monárquica tinha deixado em estado caótico.

Deputado às constituintes, foi a primeira pessoa a ser convidada para candidato à eleição do primeiro presidente constitucional da República, convite que declinou.

Foi ministro de Portugal em Espanha.

Após a tentativa monárquica de voltar ao poder, preside em 1919 (de 27 de Janeiro a 30 de Março) ao Conselho de Ministros, acumulando a pasta do Interior.

Depois, abandonou a actividade política, retirando-se para o seu palácio na Quinta dos Patudos, em Alpiarça.

Dedicou grande parte da sua vida ao desvelado culto da arte, coleccionando preciosidades: quadros a óleo dos melhores autores nacionais e estrangeiros, tapetes de Arraiolos (uma das melhores colecções existente da especialidade), esculturas, faianças, porcelanas, leques e outras obras de arte.

O palácio, que tem a traça do arquitecto Raúl Lino, constitui, com o seu recheio, um autêntico museu.

O artista - lavrador legou ao povo de Alpiarça, representado pela sua Câmara Municipal, a Casa dos Patudos com todo o seu recheio e Quinta e dispôs que, com o seu rendimento fossem aí construídos três pavilhões para velhos inválidos e para educação de crianças.

Sobre ele, escreveu Manuel Teixeira Gomes: "O José Relvas não pôs ao serviço da República somente a sua inteligência, dedicação e trabalho, pôs também o seu nome, o prestígio da sua origem fidalga, a experiência do trato social, a sua fortuna (...)
Formado pela antigo Curso Superior de Letras, foi autor de O Direito Feudal - conferência sobre Questões Económicas, tendo as suas Memórias Políticas sido publicadas em 1977 e que encerram documentos preciosos para a história da 1ª República".

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Dicionário da História de Portugal, Publicações Alfa

Lello Universal, Dicionário Enciclopédico Luso-Brasileiro
Dicionário da História de Portugal (Dir. Joel Serrão)

História de Portugal, Joaquim Veríssimo Serrão.

História de Portugal, Dir. de João Medina.

Boletim da Junta de Província do Ribatejo, 1937/40.

“A Vila da Golegã e o seu termo”, Albertino Henriques Barata, in Correio do Ribatejo de 11 de Março de 1977.