quarta-feira, 8 de setembro de 2010

O Cónego Joaquim Augusto, professor e pedagogo

(PUBLICADO NO CORREIO DO RIBATEJO DE 15.FEVEREIRO DE.2002)



Nasceu no lugar da Fonte de Vilgateira, freguesia da Várzea, no dia 11 de Abril de 1875, sendo filho de Francisco Augusto e de D. Maria Augusto.

Seguindo a vida eclesiástica, concluiu os seus estudos em Roma, onde disse a 1ª Missa no dia 10 de Abril de 1898, por isso com apenas vinte e três anos.

É no campo do ensino que mais se destacou, dando aulas no liceu de Santarém, onde leccionou normalmente a disciplina de Francês, no Seminário da cidade e no Colégio de Santarém, estabelecimento de ensino muito conceituado na época e onde exerceu o lugar de director.

Entre os muitos alunos que passaram por este estabelecimento de ensino, contava-se Francisco Câncio, originário do concelho de Vila Franca de Xira que veio a deixar uma vasta obra publicada sobre o Ribatejo, no campo histórico e etnográfico.

Segundo ele, o Dr. Joaquim Augusto era um homem que conseguia ser professor e educador. Bondoso, não deixava contudo de ser disciplinador.

O professor frequentava frequentemente a sua mãe que vivia no lugar da Fonte, fazendo o trajecto a pé, já que nessa altura não existiam os meus de transporte de hoje e as estradas não passavam de umas simples carreteiras com lama no Inverno e grande poeirada no Verão.

Convidava, levando consigo alguns alunos que assim passavam o domingo na Várzea; era o que acontecia com o Dr. Francisco Câncio.

O Cónego Joaquim Augusto pertenceu à Comissão de Salvação dos Monumentos Antigos de Santarém, que foi fundada em 1916 e cuja actividade se baseava na defesa e salvaguarda do património escalabitano. Em 1934 era mesmo o seu presidente, sendo vogais, Augusto César de Vasconcelos e Laurentino Veríssimo.

Além desta actividade, o professor e pedagogo prestou a sua valiosa colaboração à Santa Casa da Misericórdia de Santarém, fazendo parte, durante vários anos, da sua Mesa.

Nestes termos, é representante, entre outros, da mesma, no 1º Congresso das Misericórdias, que teve lugar em 16 de Março de 1924, na velha cidade fronteiriça de Elvas.

Lembro-me muito bem da figura do Cónego Joaquim Augusto. Era um homem alto e magro, um pouco já curvado e nos últimos anos com algumas dificuldades de visão. Sempre de batina e cabeção, como a época exigia.
Sempre o conheci vivendo no Bairro dos combatentes, juntamente com o sobrinho, Fil Augusto Fontes, nosso prezado e saudoso amigo desaparecido em 1977.

O Senhor Cónego Augusto, que foi professor de uma nossa familiar, quando esta o cumprimentava, já no ocaso da vida, respondia-lhe sempre pronunciando o seu nome pois conhecia-lhe sempre a voz (que dizem nunca mudar o seu timbre), desde o tempo de menina.

Faleceu no dia 12 de Novembro de 1954 esta destacada Figura Varzeense que foi sepultado no cemitério dos Capuchos, em Santarém.