quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Os polícias

(PUBLICADO NO CORREIO DO RIBATEJO DE 25 DE JUNHO DE 2004)

[Rua Fernão Teles de Menezes]

Mais uma vez as insónias me atormentaram. Cansei-me por querer dormir e não poder. Aproveitei contudo para dar uma volta à vida e... lá fui parar ao MEU BAIRRO.

Não vou recordar as correrias que fiz à frente dos polícias por jogar à bola na rua ou no átrio da escola, aliás o que já aqui recordei quando falei dos entretenimentos das crianças de então. Jogar à bola nessa altura era um crime já que não tínhamos onde fazê-lo!

Esta MEMÓRIA começou por pensar num bom amigo, desaparecido há volta de vinte anos. Era meu vizinho e era chefe da polícia. Quando falo em chefe refiro-me a todos os que tinham essa designação mas com diferenças nas categorias que não sei nem nunca soube distinguir.

A fama que tinha como profissional, principalmente entre os subordinados, não era boa (fama e não sei se proveito) mas a verdade é que para mim e para toda a minha família, foi sempre grande amigo.

Era originário da Beira - Baixa e tinha uma única filha.

A partir daqui comecei a recordar outros profissionais da polícia. Outro chefe, depois comissário, também morava no MEU BAIRRO e se a memória não me falha residia na Rua Frei Gaspar do Casal. Tinha um único filho que foi meu contemporâneo no liceu, jogava muito bem voleibol, pertencendo à respectiva equipa e licenciou-se na área das línguas.

O chefe e depois comissário era uma pessoa muito conceituada na cidade, sendo estimado por todos.

Outro graduado da polícia vivia na minha rua e no mesmo quarteirão, relativamente perto da minha residência. Era um homem forte, que enviuvou sedo e tinha um único filho, mais velho do que eu mas ainda meu contemporâneo no liceu. Era bom jogador de ténis de mesa e representou a Associação Académica de Santarém. Depois do 7º ano, nunca mais soube nada dele.

Ainda na minha rua e no Pátio Frazão, morava um guarda bem conhecido que tinha dois filhos, um pouco mais novos do que eu. Era originário da zona das Caldas da Rainha. Igualmente na mesma rua e no pátio do Matafome morou outro guarda que tinha um filho que foi meu colega na instrução primária e que seguiu uma carreira militar alcançando alta patente.

Na Rua Almeida Garrett, antiga Rua B, no início do último quarteirão e do lado esquerdo, vivia um velhote que me diziam ter sido polícia, mas que eu não conheci nessa actividade. Tinha uma neta da minha idade que chegou a frequentar o liceu mas desistiu penso que logo no primeiro ano. Ao fundo e do mesmo lado a figura inconfundível de um chefe, ainda novo que marcava pela sua estatura, farto bigode preto, de capa e bengalim.

Na Rua 2º Visconde de Santarém e ao fundo, morava igualmente outro chefe de polícia que entre outros, tinha um filho da minha idade. Mal me lembro de estar no activo. Ele ou familiar foi proprietário de um pequeno estabelecimento comercial (mercearia).

Lá para a Rua do P. Inácio da Piedade e Vasconcelos residia outro guarda da polícia que tinha um filho das minhas idades e que depois de reformado também montou um estabelecimento comercial na Rua Fernão Teles de Meneses.

Certamente que no MEU BAIRRO moravam mais polícias mas não consigo lembrar-me de mais nenhum. A verdade é que encontrei mais graduados do que guardas.

Quem se lembra de mais, diga.

Penso que os moradores no MEU BAIRRO, da minha época, todos identificaram, não é verdade?