segunda-feira, 11 de abril de 2011

Manuel Latino


Nasceu em Santarém em 1878.

Seguiu a carreira militar e em 1940 era general. A par da sua profissão esteve sempre muito ligado ao desporto, principalmente ao equestre.

Foi comandante do Regimento de Cavalaria Nº 2, da Escola Prática de Cavalaria (1935/37), da 1ª Brigada de Cavalaria, em Estremoz, inspector e director da mesma arma.

Foi membro da Sociedade de Geografia.

Desempenhou as funções de presidente da Comissão Superior de Educação Física do Exército, da Federação Equestre Portuguesa e foi fundador da Sociedade Hípica Portuguesa, em 1910, de que foi director durante 20 anos.

Conquistou a taça «Rainha D. Amélia» em 1902, em Torres Novas e foi campeão de sabre. Já como Brigadeiro ganhou em 1932 um «Cross Country».

Mestre de equitação na Escola do Exército em 1915, foi chefe da equipa de cavaleiros portugueses em vários concursos hípicos, como em Madrid, Paris, Roma e Milão, entre outros e isto entre 1924/34. Foi presidente do Comité Olímpico Português (1946).

Durante 20 anos organizou os concursos hípicos da Figueira da Foz, e igualmente prestou a sua colaboração na organização dos concursos e corridas na Marinha, Campo do Jockey e Estoril.

Presidiu à comissão organizadora da 1ª Exposição Triunfal dos Desportos, em 1934.

Quando o General Alberto da Silveira foi ministro da Guerra, fez parte do seu gabinete sendo seu delegado na cerimónia de inauguração do Monumento aos Mortos Portugueses, em Gand, 1928.

Entre as várias condecorações contam-se o Grande Oficialato de Cristo, Avis e da Ordem de Instrução, Comendador da Ordem de Santiago de Espanha e Grã-Cruz de Avis.
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Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira

Santarém no Tempo, Virgílio Arruda, 1971

terça-feira, 5 de abril de 2011

P. José Maria Antunes

(Publicado no Correio do Ribatejo de 21 de Abril de 2011)



Nasceu em Santarém em 22 de Maio de 1856.

Entrou para o seminário em 1867 após selecção entre quarenta e cinco concorrentes e quando o mesmo abriu na antiga rua de S. Lázaro em Santarém (actual Pedro de Santarém).

Em 1870, quando a casa fechou as portas e os padres transitaram para Gibraltar, acompanhou os mestres.

Foi para França onde se ordenou nos seminários da Congregação do Espírito Santo.

Em 1881, é professor de Ciências Naturais no Colégio do Espírito Santo em Braga.

No mesmo ano, o Padre Duparquet regressa duma viagem à Europa acompanhado pelo padre José Maria Antunes, que funda a missão da Huila, mandando arrotear 2000 hectares de terreno e dirigindo uma exploração agrícola em moldes evoluídos, numa tentativa para influenciar os nativos, devendo-se a ele o grande impulso para a evangelização do Sul de Angola, tendo contribuído para melhorar o nível de vida das populações.

Durante 23 anos desenvolveu uma actividade notabilíssima como pároco e superior da missão.

Por sua iniciativa e em direcção à parte oriental são fundadas as missões de Jau (1889), Chivinguiro (1892), Quiíta (1893), Munhino (1898) e por último Gambos (1894).

Em 1904 vem para a metrópole na qualidade de Provincial, cargo que ocupa até 1910, quando foi extinta em Portugal a Congregação do Espírito Santo a que sempre pertenceu.

O Padre José Maria Antunes foi também um cientista no campo da ornitologia e da botânica.

Os museus de Berlim, Paris e Coimbra de História Natural beneficiaram com o envio de amostras por si recolhidas em Angola.

Faleceu em 1928.

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Santarém no Tempo, Virgílio Arruda, Edição da Comissão Municipal de Turismo de Santarém, 1971.

História de Portugal, Vol. XI, Joaquim Veríssimo Serrão, Editorial Verbo, 1989.

http://www.pessoalissimo.com/Terra/Lubango resenha-historica.htm

http://www.muhuila.hpg.ig.com.br/lubango.htm

domingo, 3 de abril de 2011

Os gravateiros

(Publicado no Correio do Ribatejo de 8 de Abril de 2011)



A gravata é um acessório que vem de épocas recuadas e que o andar dos tempos tem provocado transformações.

Segundo os entendidos parece que a designação «gravata» seria proveniente da deformação da palavra croata já que os soldados desta origem e recrutados pelo rei de França, Luís XIII, traziam um lenço atado ao pescoço.

A primitiva razão da existência deste acessório pensa-se que tem a ver com o suor produzido, recorrendo-se a ela para o minorar, por isso, como sudário.

Em meados do século XVII começa a ser usada por Luís XIV, estendendo-se a toda a corte, de seda, adornada de rendas e já com um sentido diferente.

O uso, naturalmente, espalhou-se por toda a Europa e por todo o Mundo com transformações acentuadas.

Nos princípios do século XIX, se um homem tocasse o lenço no pescoço de outro a ofensa era tão grave que poderia acabar em duelo.

Em meados do século XIX começam a surgir novas maneiras de atar as gravatas.

Parece que o actual estilo de gravata é do primeiro quartel do século passado e tem origem nos Estados Unidas da América, tornando-se mais funcional, mais longa e mais estreita.

Três dos dicionários que consultámos apresentam as seguintes definições: “Pedaço de tecido, de formas diversas, que se ata em volta do pescoço” (Dicionário Prático Ilustrado, Dir. de Jaime de Séguier, 1972), “Manta, laço ou fita que orna o pescoço” (Dicionário da Língua Portuguesa de Fernando J. da Silva, 4ª Edição, 1984) e “acessório de vestuário masculino, que consiste numa tira de tecido, estreita e comprida, usada em volta do pescoço, por baixo do colarinho da camisa, formando um nó à frente” (Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea – Academia das Ciências de Lisboa – Verbo, 2001)

Como se pode verificar, os três dicionários que escolhemos com alguma distância no tempo, apresentam definições com alguma diferença, pois naturalmente verifica-se com o decorrer dos tempos o ajustamento adequado.

O dicionário mais recente já indica a gravata como acessório de vestuário masculino ainda que tenhamos visto muita mulher de gravata.

A pouco e pouco a gravata torna-se um acessório indispensável ao homem que o usa por obrigação em muitos casos, principalmente em determinadas profissões e em que não há liberdade de escolha, mas para o cidadão comum pode proporcionar um toque de elegância. Quem não pusesse gravata, julgava-se que não estava bem vestido!

No nosso tempo de liceu começou a ser obrigatório o uso de gravata pelos rapazes e quando não fossem portadores dela apanhavam uma falta a vermelho (de castigo). As raparigas não podiam “andar em pernas”, isto é, tinham de usar meias.

Apesar de tantos anos passados lembramo-nos da polémica que tal causou e havia um professor que não concordava nada com isso, ainda que nunca o tivesse dito, exigindo aos alunos que transportassem a gravata, mas não lhe interessava onde, acontecendo que se engravatavam as mais variadas partes do corpo.

Este professor de que nunca fomos aluno, não podemos precisar se antes ou depois, causou alguma polémica, para não dizer escândalo, usando umas bonitas sandálias, às quais, sendo poeta, dedicou uns versos.

Em todas as repartições públicas era obrigatório o uso da gravata, assim como em todas as profissões em que se tinha que atender público, ninguém o fazia sem estar convenientemente engravatado.

Ninguém ia para um baile sem levar gravata, ninguém ia para uma pequena festa sem levar gravata, isto para não falar em cerimónias mais pomposas como casamentos, baptizados ou festas de anos.

Quem é que ia a um funeral sem levar uma gravata preta? Ninguém.

A gravata passou a constituir um luxo e mudava-se quase diariamente.

É assim que em concorrência com as casas da especialidade aparecem os vendedores ambulantes de gravatas, os chamados gravateiros, que originaram o título desta croniqueta e que vendiam mais em conta.

Estes homens governavam a vida só vendendo gravatas, tal a venda que faziam! Usavam na sua actividade uma barra de madeira com cerca de um metro de comprimento à qual fixavam, nas extremidades, uma correia de cabedal com aproximadamente dois dedos de largura proporcionando um arco que passava pelo pescoço, suportando assim a barra onde colocavam as dezenas de gravatas que transportavam das mais variadas cores e padrões. Havia gravatas para dois ou três preços, proporcionando desta forma satisfazer toda a clientela.

Percorriam as ruas do velho burgo, fazendo aquilo a que se chamava a volta dos tristes, começando no “Largo do Seminário”, Rua de S. Nicolau, Rua da Misericórdia, Praça Velha, Rua Direita e voltando ao Largo do Seminário. É claro que por vezes faziam alguns desvios a ruas próximas, que tivessem na altura mais movimento ou onde pudessem passar fregueses habituais. Tiravam uma gravata do mostruário, simulavam um nó e procuravam mostrar ao freguês que lhe ficava muito bem com aquele fato.

Quando o negócio estava mais fraco na velha cidade, apareciam esporadicamente num bairro periférico ou então deslocavam-se em transportes públicos às vilas das redondezas, como Cartaxo, Almeirim e Alpiarça e possivelmente a outras.

Hoje a gravata já não tem o mesmo significado que tinha e o seu uso decresceu imenso, havendo mesmo homens que praticamente nunca a usaram ou se o fizeram foi em momentos muito especiais.

Pela nossa parte ainda possuímos uma ou duas dúzias de gravatas mas confessamos que raramente as pomos. Trabalhámos num concelho onde as altas temperaturas verificadas obrigavam-nos a tirar a gravata logo que terminávamos o trabalho e a partir daí nunca mais utilizámos a gravata como era de costume. Este texto no momento em que o escrevemos nem tínhamos gravata apesar de o ambiente estar fresco!

Esta diferença de comportamento pode ser observada no dia a dia em qualquer lugar, incluindo nos “audiovisuais” .

Em meados do século passado os gravateiros davam colorido ao velho burgo escalabitano sendo uma parte importante do fervilhar comercial que então a velha cidade possuía e hoje em completa decadência.

Gravateiro, uma actividade extinta como tantas outras!

Conversando com o visitante / leitor

A criação deste blogue CORREIO DAS LEMBRANÇAS teve por intuito republicar textos que saíram durante alguns anos no semanário Correio do Ribatejo, o que deu origem a 264” postagens” distribuídas por assuntos como Temas Varzeenses, Memórias do Meu Bairro, Figuras Ribatejanas e outros.

Neste espaço de tempo, iniciado a 23 de Abril de 2009, durante todas as semanas houve algo para ler ou reler, o que deu origem a algum movimento que o contador indica, notando-se recentemente um aumento de visitantes, principalmente neste último mês em que não se fizeram postagens.

Acontece que os textos publicados acabaram por se esgotar, ainda que nos possa ter passado um ou outro que não tenha sido publicado por razões diversas.

Ainda que os visitantes / leitores se tenham manifestado pouco através do nosso e-mail indicado no blogue, a verdade é que alguns o fizeram, verificando-se até transcrição de textos e a reprodução de um nosso desenho como aqui demos conhecimento.

Talvez não seja descabido fazer uma pequena análise a este período, notando-se que as Figuras Ribatejanas foram o Tema que mereceu maior número de” postagens”, ficando as Memórias do Meu Bairro e os Temas Varzeenses praticamente lado a lado, aliás, como o próprio blogue indica.

Havendo estatísticas desde Maio do ano passado, passamos a indicar os 10 artigos mais visitados desde aquela altura até hoje:


1º - D.LEONOR DE PORTUGAL (2009.09.15)
2º - INFANTE D. JOÃO (2009.08.22)
3º - UM BAILE DA PINHATA (2010.03.21)
4º - FRANCISCO CÂNCIO (2009.05.31)
5º - A TOPONÍMIA (VÁRZEA) (2009.07.24)
6º - O PROFESSOR OLIVEIRA FEIJÃO, MÉDICO E LAVRADOR (2010.01.01)
7º - O ESPAÇO, ONDE E COMO É (2010.06.04)
8º - A TOPONÍMIA (DO MEU BAIRRO) (2010.05.17)
9º - A IGREJA DE Nª Sª DA CONCEIÇÃO DA VÁRZEA (MATRIZ) (2010.01.07)
10º - FREI LUÍS DE SOUSA (2010.11.14)


Verifica-se assim que as Figuras Ribatejanas têm quatro representantes, os Temas Varzeenses igualmente com quatro e as Memórias do Meu Bairro com dois.

As 10 219 visitas oriundas de 47 países originaram uma média diária de 10, 15, sendo as postagens realizadas com uma média de 3,8 (dia).

O CORREIO DAS LEMBRANÇAS irá entrar agora numa segunda fase onde irão ser publicados textos inéditos que englobarão os temas já referidos e outros que venham a surgir.

Iremos abrir uma nova rubrica que tem por título QUADROS DE SANTARÉM DO MEU TEMPO e onde procuraremos apresentar coisas já passadas.

Caro Visitante / leitor: Obrigado pela sua visita.