terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Maria Lamas




Torrejana nascida a 6 de Outubro de 1893 e falecida em Lisboa aos 90 anos, mais propriamente a 6 de Dezembro de 1983. É a primeira filha de Maria da Encarnação Vassalo, católica e muito piedosa, e de Manuel Caetano da Silva, republicano e maçon.

De seu nome completo Maria da Conceição Vassalo e Silva da Cunha Lamas que ficou conhecida na escrita e na política apenas como Maria Lamas.

Em 1900 frequenta a Escola Régia, como era designada a Escola Primária na altura., em 1906 é matriculada como aluna interna no Colégio Religioso Jesus, Maria e José na terra que a viu nascer e onde faz os seus estudos, tendo casado civilmente apenas com 18 anos, casamento de que resultaram duas filhas e que durou 9 anos.

Como o seu marido era militar e acompanhando-o numa missão, viveu em Luanda entre 1911 e 1913.

Regressa a Torres Novas e começa a publicar nos jornais locais a sua poesia com o pseudónimo Serra d`Ayre.

Em Torres Novas trabalha como voluntária na Cruz Vermelha e organiza festas para aquisição de fundos para família de soldados (1919).

Divorcia-se, ficando com as duas filhas a seu cargo vai para Lisboa viver com os pais. em. 1920.

Trabalha então na Agência Americana de Notícias e colabora no jornal A Capital.

Mais tarde vem a trabalhar na “A Joaninha”, “A Voz”, “Correio da Manhã” e no suplemento de “O Século”, “Modas e Bordados” onde se inverte a situação e passa a dar letras sobre a sua direcção e na revista “Mulheres” de que também foi directora.

Maria Lamas vista pelo pintor Júlio Pomar, 1952
Em 1921 casou novamente e desta vez com um jornalista monárquico e o LAMAS que usou provem deste segundo matrimónio que origina outra filha.

Continua a praticar acções altruístas e publica o seu primeiro livro Humildes (poesia) e seguidamente o romance Diferença de Raças, já com o pseudónimo Rosa Silvestre.

A sua actividade literária não para tanto em publicação de livros como na sua colaboração e mesmo na direcção de jornais e revistas, de grande valor,algumas dirigidas às crianças,
Tem mais de uma dezena de livros publicados abrangendo vários assuntos e não esquecendo as crianças.

Ligou-se à Oposição Democrática durante o Estado Novo e esteve exilada em Paris entre 1962 e 1969 onde desenvolveu intensa actividade de apoio aos refugiados políticos. Ainda que fosse simpatizante do PCP, só adere ao partido após o 25 de Abril e por influência de uma das filhas.

Milita no MUD (Movimento de Unidade Democrática) e em 1946 participou no congresso que daria origem à Federação Democrática Internacional das Mulheres (FDIM).

Em 1947 é eleita presidente da direcção do Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas.

Esteve presa no Forte de Caxias em 1949, 1953 ( ao regressar da União Soviética) e 1962.

Foi escritora, tradutora, jornalista, activista política e feminista.

A antiga Escola Industrial de Torres Novas, na comemoração dos seus 50 anos de existência, passou a designar-se Escola Secundária Maria Lamas. A cidade de Torres Novas relembra-a numa pequena intervenção escultórica.

É agraciada com o grau de Oficial da Ordem de Santiago de Espada pelo Presidente da República, Óscar Carmona, por mérito cultural na acção em prol das mulheres.

Em 1980 Oficial da Ordem da Liberdade, 1983 - Medalha Eugénie Cotton atribuída pela Fédération Démocratique Internationale des Femmes.

Uma Mulher de uma personalidade admirável e oriunda de uma família burguesa.
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Dicionário de História do Estado Novo, Volume I. Fernando Rosas e J.M. Brandão de Brito, Bertrand Editora, 1996, p 506 e 507.

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